Tem Certeza Que Você Não É Etarista?

Por Fernado Blanco

Pílulas de Etarismo # 2

Este é um tema fervilhante na sociedade. Ainda bem, afinal toda forma de preconceito é asquerosa! Mas antes de começar, vamos definir etarismo, pois a coisa é mais complexa do que a hype atual sugere.

Segundo o Dicio, temos: “Etarismo ou discriminação etária, é o ato de discriminação às idades, não importa qual, pode ser crianças com idosos, idosos com crianças, adultos com adolescentes (adultismo) etc.”.

Outro perfil de fonte: Fran Winandy é autoridade no assunto e escreveu em 2017, em artigo para a RHevista RH, que “Este fenômeno é denominado etarismo, e, basicamente, significa o preconceito de idade. O etarismo pode ocorrer em qualquer faixa etária, mas, na maior parte das vezes é direcionado a pessoas “mais velhas”, especialmente no ambiente profissional”.

Já a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia não tem dúvida: etarismo se refere a preconceito contra idosos.

Bom, eu voto que etarismo refere-se a preconceito entre todas as gerações, e em qualquer direção.

No entanto, como sabemos, preconceito é abordado na direção de quem tem mais poder em relação a quem tem menos poder. E a população sênior costuma ter menos poder financeiro, físico e emocional.

Quanto mais velhos vamos ficando, mais vulneráveis nos tornamos – e damos trabalho. E os mais jovens perdem a paciência conosco. Natural. Opa, natural?

Então vamos para a primeira paulada do dia: quem maltrata ou despreza seus pais idosos, pode parar de choramingar que “os jovens não me dão emprego” ou “não me dão atenção”.

Este é um comportamento etarista!

Gente de 60 que exige atenção (e emprego) do pessoal de 30 ou 40, tem obrigação de cuidar de quem tem 80 e 90. Ou então é tão preconceituoso quanto a empresa que não emprega por causa da idade.

E atenção: não basta pagar cuidadora bilíngue ou hospedar o idoso numa casa de repouso 5 estrelas. A depressão deixou de ser exclusividade dos mais velhos, mas esta enfermidade é quase sempre presente nesta faixa etária. E tirando sérias doenças físicas, o isolamento social é o principal motivo para a depressão.

Eu fui um neto amoroso e presente com meus avós até sua morte. E vivo grudado na minha mãe viúva, que tem quase 86 e insiste em morar sozinha. Talvez por isso eu tenha tanto desprezo por quem não cuida dos seus idosos.

Amanhã tem mais.

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