O ABC do ESG. O que preciso saber?
Não sei se é devido à minha visão cética, mas quando falamos de assuntos socioambientais, sempre estou com um “pé atrás” já que em minha experiência, muitas iniciativas que consegui avaliar apresentaram conflitos de Interesse.
Por outro lado, muitas das iniciativas socioambientais que consegui avaliar, geravam custos operacionais e em consequência, impactavam de alguma forma na saúde financeira da empresa. Considerando esta observação, eu me pergunto:
- Se eu fosse acionista da empresa, será que eu estaria de acordo em usar parte de meu dinheiro para iniciativas socioambientais?
- Se eu fosse cliente desta empresa, será que eu estaria disposto a comprar o produto ou serviço oferecido a um valor mais caro?
- Escolher e avaliar um projeto efetivo, que gere valor agregado para a empresa, sociedade ou o meio ambiente;
- Respeitar e seguir rigorosamente os Princípios de Governança Corporativa da empresa, e ser transparente com os acionistas no momento de prestação de contas.
- Nem toda empresa pode ser ESG 100%: toda empresa se comporta de forma parecida à Teoria das Necessidades Humanas, também conhecida a Pirâmide de Maslow. Toda empresa precisa dar prioridade à sua própria sobrevivência; isto significa procurar primeiro o lucro para manter a sobrevivência de seus investidores e colaboradores. Posteriormente, quando a empresa esteja com certo nível de desenvolvimento, poderá pensar em outros projetos como iniciativas socioambientais.
- Todo projeto socioambiental precisa passar antes por uma rigorosa avaliação de risco: não importam as boas intenções de quem promove o projeto, é importante analisar previamente quais eventos poderiam acontecer. Lembre-se que iniciativas socioambientais geram impactos nas comunidades; tirá-la posteriormente do ar por descobrir falhas internas, poderia graves riscos na imagem da empresa. Como sugestão, criem um grupo de especialistas de diferentes áreas, incluindo Jurídico, Compliance, Risco Operacional e realizem uma tempestade de ideias para ver como mitigar ou prevenir os possíveis eventos.
- Quanto mais econômica uma iniciativa melhor para as finanças da empresa. Lembram quando era comum utilizar papel reciclável nos cartões de visita? Por que acabou essa tendência? A resposta é simples, pagar por papel reciclado resultava ser mais caro para a empresa que comprar papel comum. Também, existiu a tese que explicava que aquele tipo de papel reciclado utilizado poluía mais que comprar papel não reciclado. Lembre-se quanto menos custo, mais competitiva pode virar a empresa.
- Procurem iniciativas que gerem o bem comum e evitem aquelas que possam gerar algum tipo de ruido na mídia: existem iniciativas que privilegiam certos grupos, mas geram antipatia para outros. Em consequência, a empresa pode sofrer do chamado “cancelamento”. Sugerimos procurar assessores midiáticos antes de lançar alguma iniciativa que poderia gerar algum risco de aparecer na primeira página dos jornais com uma notícia negativa.
- Implementem um Programa de Risco e Compliance que seja efetivo: não estou falando de apenas postar o Código de Conduta na página de internet e criar um canal de denúncias com pouca visibilidade. O Programa de Compliance precisa de uma governança interna, a liderança precisa promover o código de conduta tanto aos seus colaboradores como a terceiros relacionados. Todo colaborador deve estar apto a saber que medidas tomar no caso de presenciar algum evento de suspeita de prática antiética ou fraudulenta. Lembre-se que muitas das iniciativas socioambientais têm recursos do governo e o mau uso poderia ser considerado uma prática corrupta.
- Sejam transparentes com seus acionistas: como comentamos previamente, a empresa pode oferecer recursos para iniciativas socioambientais sempre que haja disponibilidade em caixa, as finanças estejam claras e que haja transparência com seus acionistas