RH é o preparador físico.
A função de RH é zelar pela qualidade das pessoas na organização e ajudar os gerentes a gerir pessoas.
Ajudar significa ensinar a gerir e propor instrumentos e políticas para a gestão de pessoas. NÃO significa usurpar o papel do gestor e gerir as pessoas no lugar dele(a).
Essa distinção é fundamental: o(a) profissional de RH não deve assumir o papel do gestor. Entretanto, o desafio para o profissional de RH está em que ele(a) deve entender de gestão de pessoas o suficiente para poder ensinar (e fazer coaching) o gestor de linha a gerir sua equipe. Muitas vezes isso significa entender mais do que o gestor de linha sobre como gerir pessoas. E o desafio passa a ser como ensinar e influenciar aqueles gestores que ocupam posições hierárquicas mais elevadas na organização; e que na cultura brasileira se acham superiores aos profissionais de RH.
Muitos gestores erradamente jogam o problema da gestão de pessoal “por cima do muro” para cair no colo de RH. “Eu cuido do negócio enquanto você cuida das pessoas.” RH não deve permitir que isso aconteça. A responsabilidade principal do gestor é gerir pessoas. Ocorre que gerir pessoas é uma atividade complexa, que exige prática e habilidade. Portanto, não cabem “soluções de camelô…” aquelas que não requerem nem prática, nem habilidade.
Daí a importância fundamental da função de RH: a grande maioria dos gestores precisa sim de alguém que os ajude e os ensine a gerir pessoas. Afinal, ninguém nasce sabendo. RH deve ajudar. Todavia, as decisões finais permanecem sendo de responsabilidade do gestor, que precisa arcar com as consequências de suas escolhas decisórias.
Se a organização fosse um time de futebol, qual seria o papel de RH? Simples: RH é o preparador físico do time. RH não joga (não faz o trabalho da linha de produção). RH não dirige o time (quem faz isso é o treinador e na empresa quem faz isso é o gestor de linha). RH zela pela preparação física (e mental) dos jogadores. RH deve recrutar e desenvolver pessoas capacitadas e motivadas para desempenhar bem na busca de atingir os objetivos da organização.
RH também é o conselheiro de confiança do treinador (CEO da empresa). Deve ser “o braço direito” do treinador, ajudando o treinador/CEO a gerir as pessoas/jogadores.
RH não é gestor de ninguém (a não ser das pessoas da própria equipe de RH).
Mas RH não seleciona candidatos e treina empregados?
Devagar nas pedras. RH faz recrutamento, triagem e seleção de candidatos. Deve sempre apresentar no mínimo dois candidatos para que o gestor tome a decisão final e escolha quem será admitido. Quanto ao treinamento, RH identifica necessidades (expressas pelos gestores) e organiza experiências de aprendizagem; mas quem ensina é um especialista no tema e quem decide o que vai ser ensinado deve ser sempre o gestor de linha.
RH não avalia o desempenho de ninguém. RH propõe políticas e instrumentos de avaliação para que os gestores avaliem os integrantes de suas equipes. E RH deve ensinar o gestor a fazer avaliações que ajudem a melhorar o desempenho das equipes.
RH pode ser um influencer em todo o processo, mas as decisões finais cabem ao gestor.
RH não demite ninguém… mas deve ensinar os gestores a fazerem demissões bem feitas, com dignidade e bem fundamentadas.
RH não decide sobre promoções e transferências… mas deve propor critérios e políticas que auxiliem os gestores a tomarem as decisões, e deve também dar seu parecer técnico sobre cada caso, mas sempre deixando que a decisão final (e a responsabilidade) fique com o gestor. Por que? Porque se as decisões finais não forem dos gestores, eles não assumirão a responsabilidade pelas consequências das decisões. Cabe a RH ajudar os gestores a decidir melhor; mas não cabe a RH usurpar o papel do gestor.
