Mentoria : um pouco de história e algumas definições

Por Julieta Nogueira er

O termo “ Mentor” tem origem na Grécia antiga, há cerca de 3000 mil anos, e faz parte da importante mitologia grega , que inspirou tantos outros escritos históricos e literários . No livro “ A Odisseia “ , de Homero , Mentor ( nome do personagem) era um conselheiro, professor e tutor , ao qual foi dada a responsabilidade de cuidar do filho de Ulisses, Telêmaco, quando Ulisses partiu para lutar na Guerra de Tróia . Essa lenda pode ter sido a base para o conceito de” padrinho “, no catolicismo, a quem os pais de uma criança delegam o papel de proteger e orientar o filho no caso de se ausentarem.


 Papéis similares foram e são ainda atribuídos aos mestres , professores, ou sábios e pessoas mais experientes , chamados de tutores, mas geralmente esse papel tem sido marcado por uma característica forte de orientação e aconselhamento.
 Mais recentemente, no mundo empresarial, foram adotadas metodologias e práticas de suporte ao desenvolvimento de profissionais e líderes, conhecidas como coaching e mentoring. O coaching tem origem no mundo do esporte, no qual o técnico assume um papel mais amplo do que ensinar os princípios do jogo e passa a assumir uma postura de acompanhamento dos comportamentos e posturas do jogador, inspirando-o e fazendo-o refletir sobre si mesmo , visando melhorar sua performance. Essa abordagem foi transportada para o mundo corporativo, como parte das práticas de desenvolvimento humano e organizacional.
 A prática de mentoria também tem evoluído ao longo dos tempos, tendo sido adotada, inicialmente , no âmbito das empresas, visando orientar a carreira de jovens profissionais por
meio do apoio e suporte dos mais experientes. Esse ainda permanece como um modelo clássico de mentoria e tem se mostrado eficaz e enriquecedor , tanto para os mentees (
mentorados), que podem acelerar seu aprendizado ,como para os mentores, que se sentem úteis e gratificados pela experiência de troca e compartilhamento .

 Mais recentemente, com o advento do mundo digital e o uso intensivo das ferramentas de
tecnologia, surigiu também a prática da mentoria reversa, na qual jovens profissionais apoiam lideres mais experientes na condução de projetos empresariais. O trabalho integrado e colaborativo entre gerações pode agilizar e tornar os processos empresariais mais eficazes.

 O processo de mentoring tem interface com o processo de coaching, mas se diferencia deste ,na medida em que na mentoria o mentor aporta sua experiência e conhecimentos, fazendo recomendações ,orientando sobre caminhos e soluções possíveis .Sendo assim, o mentoring é recomendado como suporte em projetos , nos programas de formação, na orientação de carreira,
situações nas quais o compartilhamento de experiências faz toda a diferença no processo. O
caráter de aconselhamento, tal como praticado pelo mentor de Telêmaco, cujo pai ficou ausente , tem sido cada vez mais suavizado, dado que a premissa subjacente ao processo de mentoria é a de que os profissionais apoiados são adultos e responsáveis por sua carreira e decisões profissionais.


Um programa de mentoring corporativo pode ser adotado como complemento às práticas de treinamento formal de líderes e aos programas de formação ( por exemplo nos Programas de Trainee ) ou como atividade principal nos processos de carreira e sucessão.


Recentemente, tenho observado um crescimento da demanda por mentoria externa, na qual o mentor não é um executivo ou líder da empresa e sim um profissional contratado pelas empresas ou pelos próprios indivíduos. Considero que os dois formatos são possíveis e positivos , sendo que nos programas internos há a vantagem de o mentor conhecer a empresa, seus procedimentos e cultura organizacional. Na mentoria externa , uma vantagem evidente é a de poder contar com as múltiplas experiências do mentor e com seu olhar mais isento e crítico em relação ao mentee.


Em todo e qualquer processo de mentoria, no entanto, os ingredientes imprescindíveis são
a postura interessada e comprometida, de ambas as partes, e a” escuta ativa” – com os ouvidos e com o coração – por parte do mentor. É muito importante também que na mentoria se estabeleçam objetivos e alguns resultados esperados – um contrato claro de expectativas – que serão acompanhados e avaliados ao final do processo.


Minha experiência com mentoria tem evidenciado que o mundo atual – complexo , ambíguo e incerto- tem exigido conhecimentos , posturas e comportamentos muito desafiadores por parte dos profissionais , sejam eles técnicos , líderes ou  empreendedores . Estou certa de que o acompanhamento e o suporte de um mentor trazem uma contribuição efetiva para a aceleração do aprendizado por parte dos mentorados.

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