E agora, como seguir?

Líderes: aprendendo a lidar com tanta novidade e imprevisibilidade.

A pandemia e as crises decorrentes dela vieram apenas exacerbar o que já vinha sendo debatido sobre a liderança em um mundo VICA: VOLÁTIL, INCERTO, COMPLEXO e AMBÍGUO.

As competências técnicas –hard skills– são e sempre serão importantes na gestão empresarial, pois elas nos permitem obter dados, analisá-los e desenvolver métodos e processos de estratégia e planejamento, tão cruciais para os negócios.

Há muitos anos se fala da importância das habilidades interpessoais e de comunicação por parte dos líderes – as soft skills. Em um mundo que se torna cada vez mais complexo, caótico e imprevisível, sem elas não sobreviveremos!

Chegou a hora da verdade, aquela que nos coloca à prova. Temos que deixar de apenas ler, ouvir e debater sobre os novos estilos de liderança e, de fato, adotar os comportamentos e estilos imperativos no mundo VICA.

Na minha experiência recente como executiva e agora como mentora de líderes, considero que há 2 práticas essenciais que precisam ser adotadas. Se elas já eram relevantes antes da pandemia, agora então se tornam imprescindíveis:

  • a capacidade de escuta do outro, seja ele um acionista, um cliente, o CEO, um par ou um membro da equipe. Gosto muito do conceito de ESCUTA ATIVA, aquela que fazemos quando, de fato, estamos conectados com o outro. Alguns mais românticos poderão chamar de “escutar com o coração “porque precisamos estar atentos às percepções e sentimentos de nosso interlocutor. As boas perguntas são essenciais nessa prática e, em geral, fomos muito treinados, como líderes, a dar as melhores respostas. Ao perguntar, temos que exercitar, de fato, o controle da ansiedade para ouvir e entender as diferentes perspectivas e pontos de vista, o que sempre enriquece a análise, seja em um debate, seja para tomar uma decisão. Para alguns pode ser mais fácil do que para outros, mas o que tenho observado é que a prática se torna cada vez mais prazeirosa e os resultados nos levam a adotá-la.
  • a habilidade para, de fato, exercitar o trabalho COLABORATIVO, no qual cada membro da equipe assume seu papel, sua responsabilidade e contribui para o debate e a solução do coletivo. Nesse caso, o líder tem o papel de instigar, de inspirar, de fazer as boas perguntas, de construir a visão comum. Deve ser também capaz de reconhecer todas as contribuições para a solução construída em conjunto, maximizando e evidenciando os resultados do time.

Há muitos anos se fala de gestão participativa, mas pouco se vem praticando de fato. Temos que reconhecer que os modelos de gestão ocidentais enfatizaram e enalteceram o estilo “comando e controle “por parte dos líderes a a competição exarcebada por parte dos membros da equipe.

Sendo assim, como seguir?

Antes de tudo, com a tomada de consciência sobre o que cada um de nós, como líderes, precisamos e devemos mudar em nossos comportamentos cotidianos.

Tomada de consciência exige autoconhecimento e humildade para reconhecer os comportamentos que precisam ser adotados e os que precisam ser eliminados. Feedbacks da equipe podem ajudar muito e para isso precisamos escutá-los. Perguntar a eles o que vai bem e o que precisa ser alterado nas práticas de gestão, costuma ser uma chave que abre muitas portas: traz insights para o líder e satisfação para as equipes, que não aceitam mais o “manda quem pode, obedece quem tem juízo “. Felizmente, eu diria!

Precisamos também aprender a liderar à distância, considerando que a pandemia acelerou a implementação do home office e ele deverá permanecer para muitas funções e atividades. Ouvi de alguns executivos que as reuniões online estão mais objetivas e produtivas. O distanciamento físico não precisa ser social. Podemos interagir, ficar atentos ao outro, perceber sentimentos em jogo, mesmo estando distantes. Mas, novamente, temos que aprender a liderar sem a “supervisão“, o “olhar de cima”, tão característico dos tempos modernos de Chaplin.

Enfim, como seguir? O “novo normal” tem que ser construído e coletivamente! A crise mundial que estamos vivendo escancarou a inadequação e a ineficácia das práticas de gestão e liderança, que precisam ser transformadas. A hora é agora!

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